Eles têm a barba como elemento marcante da estética. O xadrez é o padrão favorito. Coturno e sapatos mais pesados não podem faltar no visual desses homens que reinterpretam a figura do lenhador, porém com um aspecto mais urbano. Essa tribo já tem nome e sobrenome: lumber. Você é um? Os adeptos nunca admitem fazer parte desse movimento e essa já é uma característica deles.
Depois do fenômeno metrossexuais - homens que não escondem o quanto amam se cuidar - vieram os lumbers como resposta à imagem excessivamen- te frívola. Eles reforçam o arquétipo do macho, mas com a sensibilidade aflo- rada. A vaidade existe, mas é revelada de uma maneira natural, no cuidado com a barba, no corte do cabelo, no gosto refinado pela escolha das peças.
No editorial, misturamos moda e comportamento, revelando que em Salvador já tem uma galera antenada que faz parte desse movimento fashion. Aproveite que a temporada Outono/ Inverno combina com o estilo e, se rolar sentimento, invista no look!
Lumber por acaso
O médico Fernando Maia, 29 anos, nunca foi ligado ao universo fashion. “Gosto de me sentir bem. Se algo é tendência e combina comigo, uso mas não só porque está na moda”, conta. O estilo lumber surgiu na vida dele quase por acaso. “Deixei a barba crescer, estava sem paciência de fazer, logo as pessoas começaram a me apontar como sendo da tribo”, revela.
Por curiosidade, começou a pesquisar o movimento e o elemento no qual mais se indentificou foi a utilização da barba cheia. Como adepto do estilo, não dispensa uma atenção especial aos cuidados com ela. “A barreira entre ser lumber e parecer uma náufrago é tênue”, brinca. Para não parecer desleixado, usa um xampu próprio para o rosto e óleo para hidratar. Quanto ao que vestir, Fernando mantém uma atitude mais básica no dia a dia. Entretanto, na hora de sair, gosta de experimentar e aflora o lenhador que há nele.
Estilo e autoestimaO jornalista Tiago Nery, 27, trabalha como editor de livros e vive na ponte aérea São Paulo-Salvador. Foi na terra da garoa que ele desenvolveu o estilo lenhador urbano. “Pelo clima frio usava muita sobreposição com xadrez e botas. Era lumber sem saber a existência do conceito”, confessa. Mas o que selou de vez o rótulo foi o cultivo dos pelos na face. “Sempre tive barba, mas era discreta. Comecei a experimentar várias versões, até deixar ela maior. Acabei virando um lumber por tabela”, brinca.
A relação com a moda surgiu quando Tiago emagreceu. Ele já chegou a pesar 130 quilos. “Ficava meio retraído e travado. Quando perdi peso, me livrei do guarda-roupa antigo e passei a estudar mais sobre moda. Agora tinha opção de escolher”, conclui. Quanto à barba, segue os cuidados básicos e dá uma boa dica vinda da sua dermatologista: “Lave bem depois das refeições, principalmente na região próxima à boca, para evitar o acúmulo de bactérias na pele”.
Macho sensível
O advogado Luciano Ceci, 26, não acredita ser lumber, mas simpatiza com a estética. “Nao me considero um, porém gosto muito do estilo, principalmente da barba. É um símbolo de masculinidade forte. O homem pode ser sensível, mas demonstrar que continua sendo másculo por conta dela”, revela. Para ele, a moda é muito mais que uma questão de vestimenta, mas uma forma de expressão.
Naturalmente, essa estética o conquistou. As referências despontaram atráves dos filmes, blogs de street style e redes sociais. Normalmente, o guarda-roupa do lumber é pautado pelo uso do xadrez, tons mais sóbrios, sopreposições e calçados mais pesados. Mas você pode reinterpretar o estilo. “É possível ser lumber sem utilizar o xadrez. Dá para apostar na bermuda, por conta do calor, usar uma camisa mais escura e incorporar o estilo”, explica. Eleito o que vestir, hora de focar na barba, um acessório fundamental. “Ela requer um cuidado especial. Vou pelo menos uma vez no mês ao barbeiro”, diz Ceci. Semanalmente, ele mesmo apara em casa, evitando que a barba não perca a forma e fique muito selvagem. Afinal, há muito tempo esse homem da moda já deixou a floresta e ganhou as ruas.
Fonte: Correio 24h.
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